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O Recalque no contexto da Psicanálise

 

O recalque é uma palavra que ganhou bastante espaço na linguagem coloquial, atualmente é bastante comum ouvir que fulana é recalcada ou é reprimida. A repressão é outra palavra que foi usada para traduzir o termo alemão Die Verdrängung usado por Freud, mas muitos autores preferem o termo recalque. Para a psicanalise esse é um conceito bastante complexo e fundamental. Tentarei resumir numa linguagem mais acessível e de forma introdutória o que seria para Freud.

Freud começou a perceber que existia algo anterior ao recalque, que seria responsável pela cisão do aparato psíquico em dois grandes sistemas o inconsciente e o pré-consciente/ consciente, esse algo ele nomeou de recalque originário (ou primário). Este último estaria presente em todas as estruturas e estaria no principio de tudo.

Freud escreve que seria necessário uma “compreensão” para que ocorra o recalque propriamente dito. Isso quer dizer que uma cena originária (primária), em si, não constitui um trauma. A cena fica guardada num local silencioso da mente, no qual a imagem não se liga à palavra, pois é um traço anterior a aquisição da linguagem. Só depois então quando é possível significá-la, é que a cena adquire o valor traumático e é recalcada. Como se daria a escolha dessas cenas ainda é uma incógnita.

Todo esse processo se dá para impedir que o pré-consciente/ consciente sinta um grande desprazer. Contudo esse material recalcado continua procurando uma expressão consciente. Quanto mais próximos estiverem, o material recalcado da representação original, haverá uma maior atuação do contra-investimento. Por outro lado, se estiverem mais “disfarçados” terão mais chances de escoamento da ideia para outro lugar. O sentimento se desassocia do material recalcado e se liga a outros pensamentos. Cabe ao processo psicanalítico investigar esses mecanísmos através dos sintomas que vão aparecer nos atos falhos, sonho e associação livre durante análise.

Gabriela Campello

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